quinta-feira, 22 de novembro de 2012

As Armas dos Barões assinalados por Urracas, que são pêgas nestes lados...






Pedro Froilaz de Trava (Laxe, c. 1075-1128), conde de Traba[1], foi um personagem fundamental na história da Galiza, por ter encomendada a educação do futuro rei Afonso VIIe pela sua colaboração com o bispo Diego Gelmírez na política galega da época.



Foi filho de Froila Bermúdez e Elvira de Faro[2] Criou-se na corte do Rei Afonso VI e casou pela vez primeira antes de 1088[3] com Urraca Froilaz filha do conde Froila Arias de Traba e de Ardiu Didaci, descente do conde galego Menendo González, o tutor do rei Afonso V de Leão, que ademais era neto de Hermenexildo Guterrez e sobrinho de São Rosendo. Os domínios do casal incluíam um extenso território entre Noia e Ortigueira, basicamente a parte da província da Corunha entre o rio Tambre e o mar, o qual origina o nome de Conde de Trastâmara[4]. Fizeram numerosas doações à igreja e a ordens religiosas.

Os amplos domínios de D. Pedro a Norte do rio Tambre (o condado de Trastâmara) garantiam a D. Raimundo fidelidade de todas as vilas desde o porto de Noia até ao golfo Ártabro.

A sua posição proeminente ficou plenamente demonstrada quando, em 1105, Raimundo de Borgonha e sua mulher Urraca, filha de Afonso VI, lhe confiam a educação do seu filho Afonso Reimúndez, o futuro Afonso VII.


Em 1107, já agonizante, D. Raimundo chamou os que lhe eram leais, confirmou a tutoria do seu filho ao seu principal valedor, D. Pedro, e solicitou deles a máxima lealdade para quem deveria ser o novo soberano da Galiza.
Nesse momento a liderança da Galiza por Pedro Froilaz é total e sem intermediários. A partir de 1107 assina como conde da Galiza. Em 1108 assina uma doação ao mosteiro de Caaveiro como principis Gallecie[5]

Urraca, falecido também seu pai, olhava já pelos seus destinos à frente de todos os territórios da coroa de Leão e, precisada de apoios, casava com Afonso I de Aragão e Navarra. Este se fez dono de Castela e Leão, provocando a imediata reação de Pedro Froilaz. Aglutinando ao mais granado da nobreza galega, proclamou como rei da Galiza a Afonso Raimúndez, seu protegido em1109. Apoiava-se no testamento de Afonso VI. Nele garantia-se a soberania do seu neto sobre Galiza no caso de Urraca voltar a casar, tal como acontecera.

Pactuou com Henrique de Borgonha, conde de Portugal, uma aliança contra o novo soberano de Leão e Castela. Iniciou uma ação de encarceramento dos nobres que não reconheciam ao seu protegido.

Vistos os riscos que se corriam, Pedro Froilaz chegou a travar uma aliança com o poderoso bispo de Santiago Diego Gelmírezcom o objetivo de coroar solenemente a Afonso Raimundez e consolidar sua soberania sobre o Reino da Galiza. Em efeito, a 17 de Setembro de 1111 o rei menino era coroado com toda a honra de um novo monarca na catedral compostelana, em presença submissa de todos os magnatas do Reino da Galiza.

Urraca quis fazer patente que Galiza, quando menos teoricamente, continua sendo uns dos seus reinos e para isto procurou tal reconhecimento sem despertar oposição nos senhores da mesma: em 1112, assinou um diploma doando a Pedro Froilaz importantes posses a Sul do Tambre (no vale do Deza e no Salnés).

Pedro Froilaz nesse momento aparecia como defensor de Urraca no quadro de um novo desencontro desta com o seu homem. Foram as tropas galegas as que protagonizaram o sítio deste em Carrión, e as que puseram as terras leonesas sob comando da rainha. Mas esta não tardaria em voltar aos braços do batalhador. Volveram a rainha leonesa e o rei aragonês a inimizar-se e, uma vez mais, Diego Gelmírez e Pedro Froilaz capitaneiam um exército que persegue a Afonso o Batalhador em Atapuerca e derrotam-no em Burgos(ano 1113), compensando, segundo a História Compostelana, a covardia das tropas castelhanas, submissas e espantadiças frente à violência do aragonês.

Em 1116, Pedro Froilaz e Diego Gelmírez tinham todo o reino da Galiza sob a soberania do Afonso Raimúndez. Urraca procurou não perder posições, aparecendo em Santiago como valedora dos direitos da burguesia da cidade. Pretendia ganhar pé no ponto mais débil de Gelmírez. Buscou apoios no Sul da Galiza; mas aí se encontrou com a aliança entre os Trava e sua prima Teresa de Portugal. As tropas de ambos sitiaram-na no castelo de Sobroso. Urraca conseguiu escapar, e voltou a Leão deixando a Galiza novamente em mãos de Gelmírez e os Trava, que através de Fernán Pérez de Trava (o filho de Pedro Froilaz) ampliavam sua influência até as terras propriamente portuguesas, cada vez mais afastadas politicamente de Leão.

Roto definitivamente o matrimônio entre a rainha castelã e o rei aragonês, os Trava sabiam que, para assegurar a sucessão de Afonso Raimundez em todos os reinos da coroa leonesa, era preciso entender-se com Urraca. Trouxeram novamente à rainha a Santiago, onde foi recebida por Gelmírez. Os burgueses sentiram-se atraiçoados pela rainha e levantaram-se violentamente. Gelmírez teve que fugir disfarçado pelos telhados da sitiada catedral. Urraca foi despida e ultrajada na Praça do Obradoiro. A rebelião compostelana semelhava triunfar, até que as tropas de Pedro Froilaz assomaram nas abas do Monte Pedroso ameaçando com entrar a sangue e fogo na cidade. Os burgueses arrependidos pediram clemência.

As consequências chegaram cedo: Urraca reconhecia plenamente os direitos sucessórios do seu filho; Pedro Froilaz levou-o a Toledo onde, em 1117, foi reconhecido como rei. Em 1118 mãe e filho doaram o poderoso mosteiro de Sobrado dos Monxes a Bermudo e Fernán Pérez de Trava, em clara vontade de consolidar o apóio da linhagem de Pedro Froilaz.

Neste período há uma espécie de co-governo na Galiza entre Afonso Raimúndez e sua mãe. Mas nos documentos de ambos aparece sempre como principal magnata D. Pedro como Comes Gallecie ou como orbem Galetiae imperante''. Esta posição de supremacia continua resultando incômoda para Urraca, que tentou um golpe de mão audaz encarcerando com engano a D. Pedro em 1123. O filho de Urraca opôs-se a este encarceramento com contundência, até que conseguiu a sua pronta libertação.






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