sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Emérita Memória... bravos costumes da Tradiçon

Um mesmo sentir, um mesmo agir
Um semelhante falar, um parecido sufrer
Um mesmo passo ao andar - uma boa estrela a sorrir
Um semelhante estrano ao se olhar - um reconhecido poema a descobrir
Uma cor que se nota em falta ao lembrar - negra sombra a dissipar - abraço irmão no ressurgir

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Fala de Breogán

Para que non haja dúvidas...


Eduardo Pondal - poeta Corunhês... Galaico... celtista... épico defensor daNação de Breogán:



Nobre e harmoniosa

Fala de Breogán

Fala boa de fortes e grandes sin rival





Finos eidos de Celtia...

E co tempo serás

Um labarado sagrado co trunfo ti amarás

Fala nobre e harmoniosa.... fala de Breogán


Serás épica tuba

Que é forte e sin rival

Que chamarás os fillos que aló do Minho están


Os bos fillos do Luso

Apartados irmáns


Bos - robustos acentos

Grandes os chamarás


Verbo do grán Camoés

Fala de Breogán


terça-feira, 27 de novembro de 2012

Mensagem... os "ecos dos pinos"


Ouve agora - Oh curmán - como trespassan os ventos, com'a um frio punhal os teus oscuros dedos...
E - no triste e esquencido pinhal - inda tremen os gregos - desígnios de bardos e carballais: voces e prantos alén dos medos...

Caminha - Pedro! - que é esta terra de ladróns... fagamos uña barca noba - nos portos entre a escura fraga e os pilares augustos da terra de Niñors...

Asi - dende o castro vello... prantado em terra que há de perdurar - falam os soutos de mundos antergos e dos sonos brillantes de nossos pais...

Ouve Bardo - o nosso récio cantar... brei de uma naçon forte... berce de tempo que está a comezar:



O CONDE D. HENRIQUE
Todo começo é involuntario.
Deus é o agente.
O heroe a si assiste, vario
E inconsciente. 
À espada em tuas mãos achada
Teu olhar desce.
«Que farei eu com esta espada?» 
Ergueste-a, e fez-se.

D. TAREJA
As nações todas são mysterios.
Cada uma é todo o mundo a sós.
Ó mãe de reis e avós de imperios,
Vella por nós! 
Teu seio augusto amamentou
Com bruta e natural certeza
O que, imprevisto, Deus fadou.
Por elle resa! 
Dê tua prece outro destino
A quem fadou o instincto teu!
O homem que foi o teu menino
Envelheceu. 
Mas todo vivo é eterno infante
Onde estás e não há o dia.
No antigo seio, vigilante,
De novo o cria!  



D. AFONSO HENRIQUES
Pae, foste cavalleiro.
Hoje a vigilia é nossa.
Dá-nos o exemplo inteiro
E a tua inteira força! 
Dá, contra a hora em que, errada,
Novos infieis vençam,
A benção como espada, 
A espada como benção! 


D. DINIS
Na noite escreve um seu Cantar de Amigo
O plantador de naus a haver,
E ouve um silencio murmuro comsigo:
É o rumor dos pinhaes que, como um trigo
De Imperio, ondulam sem se poder ver. 
Arroio, esse cantar, jovem e puro,
Busca o oceano por achar;
E a falla dos pinhaes, marulho obscuro,
É o som presente d’esse mar futuro,
É a voz da terra anciando pelo mar.  

domingo, 25 de novembro de 2012

Queixumes dos Pinhos - Eduardo Pondal

Assim - na voz da verde terra verde, deste verde terra nossa - se o Bardo mo permite, traduzirei suas possantes palavras - com vigor valorosas: como as de outrora ditas - pelos antergos que as falaram: poderosas - nestes seus eidos - solo que hoje pisamos, inertes... de tal vigor empossadas que seu eco perdura nas fragas, nos vales e rios cantando-as cheios de graça... nos carvalhos antigos e nas igrejas e praças - virados para a estrela vera que nunca descansa...

Assim - Bardo das Idades - aqui vão alguns dos cantos... recebidos e cantados em voz alta, por quem - sedento - as saboreia como vida que falta ao Luso alento...

Venha de novo - da estrela que nos guarda - o som do nosso consenso: voltem de novo a brilhar as palavras - como lanças voando livres ao vento... seus alvos as serpentes macabras - que reduziram à escravidão o povo à beira mar plantado... os que pensam que a terra tem preço: esta a terra dos nossos antepassados!..

Os que inventaram moedas para dar trinta minas por cada um que se afasta - do doce canto e viril sorriso em honra da terra: nossa mãe sagrada...

Onde estão teus filhos valorosos, tuas mulheres de virtude elevada - os que falar falem récio e as que se entregam uma vez nesta vida feita estrada...

caminhos verde entre nevoeiros antergos - sentido nas rochas da nossa pátria consagrada...

Onde os que respiravam a pulmão pleno - e entre as fervenzas gritavam - seus nomes vivos de duro acento - que a terra imortal seu ser ecoava...

Onde os que - sem medo - olhavam o vil e como vil o tratavam... e da mesma forma reconhecemos o grande e gentil - ainda que de vagabundo nos apareça disfarçado...

Quem calou os vibrantes pinhos - no negrume do esterco do vil metal não temperado... quem enganou os livres viris com imagens de poder que merecem degredo?...

Quem vendeu seu nome por uma réstia do pão que foi sempre nosso? Como o sal de Portugal é da costa que nos fez ser Povo... quem nos vai salgar - se o sal é nosso?...

Que cruz nos ofendeu para vergar o joelho?

Que mal pastor nos levou até a um triste ermo - no que não temos mais que fazer do que trocar nosso tempo em dinheiro - esquecendo o valor e o prazer - de viver e morrer como se fosse este o dia derradeiro...

Que negra sombra nos obrigou a vergar o olhar luminoso longe das estrelas deste  céu nosso?  benignos astros a brilhar - nesta nossa terra mãe - sempre mostrando o caminho seguido desde as eras dos ancestros...

Que vil metal poderá imitar - o brilho singelo das filhas erguidas deste recanto de vida decorado? Que sedas, que púrpuras poderão dar luz aos seus rostos vivazes plenos da paixão pelos dias e horas em viva paz abraçados?...

Que estranha amálgama poderá obscurecer o puro e singelo ser destas nossas gentes de antanho... que monstruoso ser pretende esconder nosso lar e fazer do Bardo em sua casa um estranho?...

Estas são as perguntas - Ó Bardo das idades - que lanço nestas minhas vaguedades... enquanto ouço o eco dos teus passos no som das eras a meu lado... e sinto o peso traidor que corrompe o meu amado povo vendendo-se à traição por três escudelas e um pedaço de pão - por mãos obscuras amassado...

 Sabemos que o Eterno inimigo caminha connosco - e fala a nosso lado... ser hábil e sedutor - que das humanas fraquezas fez negócio e mundo profano...

Mas tu - Ó Bardo - que a redenção apregoas... Brásidas que tua lança enfaixas na boca do Dragão quando sua língua bífida cospe o veneno que nos cega e enevoa...

Diz se as palavras que profere o valente olhando a morte nos olhos... essa morte de se morrer por Illiota ou perdedor em terreno próprio que não admite a derrota... diz tu, que anuncias as palavras pungentes ecoando livremente entre o livre sentir das lançais gentes...

Será que despertarão os dormentes... será que verão que unhas e dentes - os rasgam e aprisionam desde seus tronos dourados em palácios de pó erigidos e sobre os despojos dos povos vencidos levantados?...

Sabemos quem tombou a honra de Breogán... agora - é hora - da sua glória despertar...

Que os povos livres ouçam a tua voz - Ó Bardo que estás entre nós... e com perspicácia - a verdadeira sagácia que nos guia em terreno próprio contra o olhar furtivo e o desejo aquilino dessas serpentes disfarçadas das nossas gentes... então - dá tu: OH BARDO - a voz de comando!...

Canto 45... queixumes da minha terra, queixumes dos nossos antergos... queixumes dos altos pinhos e dos nobres carvalhos:

"Boandanza, saúde,
raza de Breogán,
Teus groriosos destinos,
certo, é doce agoirar,
raza nobre, aunque ruda,
forte no soportar,
a de boa estatura
e de corpo lanzal;
asomellante ós pinos
ben compridos que están
sobr'a materna, rápida pendente
do monte de Brumar;

raza qu'antigamente
ben soía levar
a brillante armadura
de fulgido metal,
e o arco curvo e forte,
mui recio de dobrar,
e o casco que ceibaba
un resprandor igual
a aquel que ceiba tras do escuro monte
a estrela da miñán.

Antr'as espesas brétomas
do tempo que foi ja,
e nos dias dichosos
qu'inda ó mundo virán,
!oh!, cantas cousas nobres
vejo, que comprirá
a estirpe generosa
que, no céltico chan,
fende o molente seo
da boa terra natal,
e aquela qu'emigrante,
deixa o nativo clan,
como soen as píllaras
do nosso litoral,
garridas vagamundas,
cando en bandadas van
rasando as ledas praias
con presuroso afán,
en tecidas compañas sonorosas
virándose ó voar.

Os teus fillos sin conto,
certo, en número igual
às areas da ruda
praia de Barrañán,
que dispersos poboan,
con forte vaguear,
a espaciosa Colombia,
a da forma longal,
que soberbia s'estende
de un a outro mar,
coma inmensa balea
de corpo colosal,
que depois de naufragio
sobre da praia está,
desde os salvages toldos,
de mudabre acampar,
astra os ingentes cornos
do rápido Uruguai,
desde a illa qu'é erma
e nota as perlas fan
astra o frío gandreiro
onde os Andes són 'star,
como negros ferreiros,
qu'en fera rolda están
e cos rudos martelos
o val fan resoar,
forjando nas suas negras e altas covas
o precioso metal,
o lazo recio e forte
e garrido serán
qu'os fillos reconcilien
c'antiga e común nai,
e os bos pobos ibéricos
dispersos juntarán.

Cal vario e radioso,
de monte a monte está
o ledo e curvo iris
sobre do verde val,
e seus formosos cornos
soe ufano amostrar
aos fillos da terra
profético sinal:
tal ti, nobre e comprida,
boa raza lanzal,
nos días da futura,
boa edade, serás
atamento garrido,
forte noo sin rival,
ponte de ledos arcos
qu'e doce contemprar,
e os bos fillos do Luso
e os fortes irmáns,
nun só noo, fortemente,
os dous contringirás.
!Tal é a somellanza sonorosa
do garrido falar!

Si... Dos fillos do Luso,
qu'apartados están
por real estulticia
da groriosa nai,
o pastor, boo e forte,
algún dia serás
qu'a tribu vagorosa
ao deixado clan,
o descarriado gando,
qu'agora errando está,
ao redil antigo
glorioso volverás.

E aquela nobre pléiade
de fortes no loitar,
qu'a constancia heredaran
dos boos e fortes pais,
e nos férreos propósitos
non consenten rival,
que levan no sembrante
a palidez lanzal
do turbulento insomnio
e do rudo pensar,
soldados valerosos
d'afanoso ideal,
somellantes a aqueles
que, con ousado afán,
na ruda Cernagora,
de fortes forte nai,
amostrar fan as presurosas prantas
á caterva d'Agar,

estes a terra verde
do olvido tirarán
e os cativos ultrages
do estraño desleal,
co garrido instrumento,
qu'e nobre gobernar
(quezais antigo adorno
dalgún cisne lanzal),
a prevención ignava,
a estulticia cerval,
e as palabrasde ferro injuriosas
da patria vingarán.

!oh canta luz eu vejo,
que na futura edá
da tua frente sae,
gente de Breogán,
como soe antr'as brétomas
a luz do cabo Ougal,
que cos seus longos cornos
centelleando está
e ós ousados navegantes
é seguro sinal!

(...)

CANTO 75

A voluntade homérica
e propósitos férreos
de facer bos e libres
os españoles peitos,
dos novos ideales
o nobre e forte empeño
non se compren somente
nos límites estreitos
da patria desmedrada
polos antigos erros,
nin deben, non, morrer escuramente
nos ja minguados e cativos eidos

Mais ajudando aqueles,
do futuro sedentos,
qu'o ideal, a raza,
levan nos fortes peitos,
e con nosoutros parten
os bos campos ibéricos,
e nos son semellantes
no sonoroso acento e no bogar lexano
e nos groriosos feitos:
!quebrantemos da serva Lusitania
tamén os duros e oprobiosos ferros!

Nos esquivos combates
e nos fortes enpeños,
qu'ai que ter polos nobres
ideales ibéricos,
non detéña-la pranta
nos límites estreitos
non sigas os hispánicos,
políticos pigmeos;
non olvides, !oh forte!,
os galaicos intentos:
!quebrantemos da serva Lusitania
tamén os duros e oprobiosos ferros!


sábado, 24 de novembro de 2012

O Mostrengo - por Mares Nunca D'antes olvidados







Os altos pinhos... desta Brei Bergantinha - cantam com alevosia - imperiosa alegria de quem ouve a voz anterga - briosa -  sempre quente nesta hora fria: evocando o seu canto - canto de Lusíada Lusitânia - mais do que a nunciando: gritando... nesta Europa, outrora ousada... hoje em dia velada pelo Lobo do Frio Inverno... Bergantín de Breogán e Lusitano de Viriato... gritando como Berra o seu BRIOSO hino:

BRADE A EUROPA à terra à terra Inteira - Portugal não Pereceu!...

O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
À roda da nau voou trez vezes,
Voou trez vezes a chiar,
E disse: «Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?»
E o homem do leme disse, tremendo:
«El-rei D. João Segundo!»
 
«De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?»
Disse o mostrengo, e rodou trez vezes,
Trez vezes rodou immundo e grosso.
«Quem vem poder o que só eu posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?»
E o homem do leme tremeu, e disse:
«El-rei D. João Segundo!»
 
Trez vezes do leme as mãos ergueu,
Trez vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer trez vezes:
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quere o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
D' El-rei D. João Segundo!» 

Assim sendo - neste canto da terra ao mar aberto... de sangue marcado entre espadas e naus navegado... entre cruzes erguidas por pedras nas rochas das costas vazias -  que sempre foram nossas pelo preço das nossas vidas... vem cantar outra vez - como quem canta o FADO - de um povo, de uma terra, de um mesmo canto tantas vezes outrora abafado...





Como nas terras entre Bergantiños e Minho ancorado... entre a Ria Baixa e o Ouro de Lhugh enterrado: proibidos de falar a sua própria voz: comungamos - da mesma mestria de outros tempos o mesmo pão ázimo pelo demo amassado...

E outros, d'outros tempos... nos que o Oceano rugindo - juntos - desbravamos: sentindo os laços de irmãos - em duro acento - nunca d'antes rasgados: coroa, igreja ou poder algum humano ou terreno - puderam fazer ruir ou semelhar como separados...





 Assim - simplesmente - simples terra - NOBRE GENTE - poderão os que mandam contar as suas "trolas" e escrever a cousas "novas" por eles mesmos inventadas... que nós OH NOBRE GENTE labrega... a de mãos e alma calejados - sabemos conservar no rumor dos pinhos e na rugir das fervenzas por nós guardados, o canto dos antigos... a memória dos Carvalhos... as lendas das pedras que dia a dia pisamos...

E - se não for meu sangue e suor o penhor desta sorte - de ser gente do Sul e do Norte - desta mesma terra, minha  Nae, como Nau foi uma a que construímos e largamos - vogando nestas nossas costas da morte feita vida de um mesmo povo por ela criado...

Vamos vogando... na imensidade... fazendo com que as vistas sobranceiras... dos nossos altos pinheiros... feitas alento e desalento - nos façam de novo encontrar o por vir...






sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Brei de Breogán

De onde Vêm os ALTOS PINOS... BREI DE BREOGÁN?...

 Vímara Peres (Corunha, Galiza, c. 820 – Guimarães, 873) foi um senhor da guerra cristão da segunda metade do século IX do Noroeste da Península Ibérica. Nascido na Galiza, vassalo de Afonso III foi enviado a reclamar o vale do Douro, em tempos remotos integrado na província romana da Galécia. Vímara Peres foi um dos responsáveis pela repovoação da linha entre o Minho e Douro e, auxiliado por cavaleiros da região, pela acção de presúria do burgo de Portucale (Porto), que foi assim definitivamente conquistado aos muçulmanos no ano de 868. Nesse mesmo ano, tornou-se o primeiro conde de Portucale. Vímara Peres foi também o fundador de um pequeno burgo fortificado nas proximidades de Braga, Vimaranis (derivado do seu próprio nome), que com o correr dos tempos, por evolução fonética, se tornou na moderna Guimarães, tendo sido o principal centro governativo do Condado Portucalense aquando da chegada do conde D. Henrique. Foi em Guimarães que viria a falecer, em 873. O seu filho, Lucídio Vimaranes (etimologicamente, «filho de Vímara»), sucedeu-lhe à frente dos destinos do condado, instituindo-se assim uma dinastia condal que governaria a região até 1071.


quinta-feira, 22 de novembro de 2012

As Armas dos Barões assinalados por Urracas, que são pêgas nestes lados...






Pedro Froilaz de Trava (Laxe, c. 1075-1128), conde de Traba[1], foi um personagem fundamental na história da Galiza, por ter encomendada a educação do futuro rei Afonso VIIe pela sua colaboração com o bispo Diego Gelmírez na política galega da época.



Foi filho de Froila Bermúdez e Elvira de Faro[2] Criou-se na corte do Rei Afonso VI e casou pela vez primeira antes de 1088[3] com Urraca Froilaz filha do conde Froila Arias de Traba e de Ardiu Didaci, descente do conde galego Menendo González, o tutor do rei Afonso V de Leão, que ademais era neto de Hermenexildo Guterrez e sobrinho de São Rosendo. Os domínios do casal incluíam um extenso território entre Noia e Ortigueira, basicamente a parte da província da Corunha entre o rio Tambre e o mar, o qual origina o nome de Conde de Trastâmara[4]. Fizeram numerosas doações à igreja e a ordens religiosas.

Os amplos domínios de D. Pedro a Norte do rio Tambre (o condado de Trastâmara) garantiam a D. Raimundo fidelidade de todas as vilas desde o porto de Noia até ao golfo Ártabro.

A sua posição proeminente ficou plenamente demonstrada quando, em 1105, Raimundo de Borgonha e sua mulher Urraca, filha de Afonso VI, lhe confiam a educação do seu filho Afonso Reimúndez, o futuro Afonso VII.


Em 1107, já agonizante, D. Raimundo chamou os que lhe eram leais, confirmou a tutoria do seu filho ao seu principal valedor, D. Pedro, e solicitou deles a máxima lealdade para quem deveria ser o novo soberano da Galiza.
Nesse momento a liderança da Galiza por Pedro Froilaz é total e sem intermediários. A partir de 1107 assina como conde da Galiza. Em 1108 assina uma doação ao mosteiro de Caaveiro como principis Gallecie[5]

Urraca, falecido também seu pai, olhava já pelos seus destinos à frente de todos os territórios da coroa de Leão e, precisada de apoios, casava com Afonso I de Aragão e Navarra. Este se fez dono de Castela e Leão, provocando a imediata reação de Pedro Froilaz. Aglutinando ao mais granado da nobreza galega, proclamou como rei da Galiza a Afonso Raimúndez, seu protegido em1109. Apoiava-se no testamento de Afonso VI. Nele garantia-se a soberania do seu neto sobre Galiza no caso de Urraca voltar a casar, tal como acontecera.

Pactuou com Henrique de Borgonha, conde de Portugal, uma aliança contra o novo soberano de Leão e Castela. Iniciou uma ação de encarceramento dos nobres que não reconheciam ao seu protegido.

Vistos os riscos que se corriam, Pedro Froilaz chegou a travar uma aliança com o poderoso bispo de Santiago Diego Gelmírezcom o objetivo de coroar solenemente a Afonso Raimundez e consolidar sua soberania sobre o Reino da Galiza. Em efeito, a 17 de Setembro de 1111 o rei menino era coroado com toda a honra de um novo monarca na catedral compostelana, em presença submissa de todos os magnatas do Reino da Galiza.

Urraca quis fazer patente que Galiza, quando menos teoricamente, continua sendo uns dos seus reinos e para isto procurou tal reconhecimento sem despertar oposição nos senhores da mesma: em 1112, assinou um diploma doando a Pedro Froilaz importantes posses a Sul do Tambre (no vale do Deza e no Salnés).

Pedro Froilaz nesse momento aparecia como defensor de Urraca no quadro de um novo desencontro desta com o seu homem. Foram as tropas galegas as que protagonizaram o sítio deste em Carrión, e as que puseram as terras leonesas sob comando da rainha. Mas esta não tardaria em voltar aos braços do batalhador. Volveram a rainha leonesa e o rei aragonês a inimizar-se e, uma vez mais, Diego Gelmírez e Pedro Froilaz capitaneiam um exército que persegue a Afonso o Batalhador em Atapuerca e derrotam-no em Burgos(ano 1113), compensando, segundo a História Compostelana, a covardia das tropas castelhanas, submissas e espantadiças frente à violência do aragonês.

Em 1116, Pedro Froilaz e Diego Gelmírez tinham todo o reino da Galiza sob a soberania do Afonso Raimúndez. Urraca procurou não perder posições, aparecendo em Santiago como valedora dos direitos da burguesia da cidade. Pretendia ganhar pé no ponto mais débil de Gelmírez. Buscou apoios no Sul da Galiza; mas aí se encontrou com a aliança entre os Trava e sua prima Teresa de Portugal. As tropas de ambos sitiaram-na no castelo de Sobroso. Urraca conseguiu escapar, e voltou a Leão deixando a Galiza novamente em mãos de Gelmírez e os Trava, que através de Fernán Pérez de Trava (o filho de Pedro Froilaz) ampliavam sua influência até as terras propriamente portuguesas, cada vez mais afastadas politicamente de Leão.

Roto definitivamente o matrimônio entre a rainha castelã e o rei aragonês, os Trava sabiam que, para assegurar a sucessão de Afonso Raimundez em todos os reinos da coroa leonesa, era preciso entender-se com Urraca. Trouxeram novamente à rainha a Santiago, onde foi recebida por Gelmírez. Os burgueses sentiram-se atraiçoados pela rainha e levantaram-se violentamente. Gelmírez teve que fugir disfarçado pelos telhados da sitiada catedral. Urraca foi despida e ultrajada na Praça do Obradoiro. A rebelião compostelana semelhava triunfar, até que as tropas de Pedro Froilaz assomaram nas abas do Monte Pedroso ameaçando com entrar a sangue e fogo na cidade. Os burgueses arrependidos pediram clemência.

As consequências chegaram cedo: Urraca reconhecia plenamente os direitos sucessórios do seu filho; Pedro Froilaz levou-o a Toledo onde, em 1117, foi reconhecido como rei. Em 1118 mãe e filho doaram o poderoso mosteiro de Sobrado dos Monxes a Bermudo e Fernán Pérez de Trava, em clara vontade de consolidar o apóio da linhagem de Pedro Froilaz.

Neste período há uma espécie de co-governo na Galiza entre Afonso Raimúndez e sua mãe. Mas nos documentos de ambos aparece sempre como principal magnata D. Pedro como Comes Gallecie ou como orbem Galetiae imperante''. Esta posição de supremacia continua resultando incômoda para Urraca, que tentou um golpe de mão audaz encarcerando com engano a D. Pedro em 1123. O filho de Urraca opôs-se a este encarceramento com contundência, até que conseguiu a sua pronta libertação.






quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Lugares na História: Palavras ao Vento

De REIS

De VILÃOS...

De um mundo que RESISTIU

De um MESMO POVO que não desapareceu

Entre VALES e RIOS se OCULTOU

Uma MESMA GENTE que na LÍNGUA se LEMBROU

Seja BRIGANTE ou BRACARINA : a NOSSA TERRA é toda una... é TUA e MINHA

Esta TERRA NOSSA... que no CORAÇÃO, no SANGUE e no SOM - do nosso FALAR - tem eco e respirar

De entre o Nevoeiro...


Em aliança com D. Teresa na revolta galaico-portuguesa contra Urraca esteve Fernão Peres de Trava, da mais poderosa casa do Reino da Galiza. Os triunfos nas batalhas de Vilasobroso e Lanhoso selaram a aliança entre os Trava e Teresa de Portugal. Fernão Peres de Trava passou assim a governar o Porto e Coimbra e a firmar com Teresa importantes disposições e documentos no condado de Portugal. Com a morte de Urraca, tornou-se em um grande aliado do rei Afonso VII de Leão e Castela no Reino da Galiza. A sua aliança e ligação com o conde galego Fernão Peres de Trava, de quem teve uma filha, indispôs contra ela os nobres portucalenses e o seu próprio filho Afonso Henriques.
Teresa exercera a regência do Condado Portucalense durante a menoridade de D. Afonso Henriques. Mas em 1122, sob a orientação do arcebispo Paio Mendes de Braga, Afonso pretendeu assegurar o seu domínio no condado e armou-se cavaleiro em Tui.

Repudia pós parto de uma só voz...


Urraca de Portugal, Rainha de Leão

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Realeza Portuguesa
Casa de Borgonha
Descendência
PortugueseFlag1185.svg
Urraca Afonso, infanta de Portugal (Coimbra1150 — 1222), infanta portuguesa filha de D. Afonso Henriques e de Mafalda, condessa de Sabóia, sendo irmã do rei Sancho I de Portugal.
A infanta nasceu provavelmente no ano de 1150, sendo que, antes dela, os reis tinham tido um filho varão, que morreu muito novo.
Na altura em que Urraca nasceu, a atribuição dos nomes aos infantes era feita de forma criteriosa. O usual era que se o primogénito fosse um rapaz recebesse o nome do avó paterno, enquanto que se fosse rapariga, receberia o da avó. Com os segundos filhos o critério era o mesmo, apenas com a diferença de serem os nomes dos avóes maternos. Apesar disso, a primeira filha de Mafalda e Afonso, recebeu o nome da irmã deste último, a Urraca Henriques, infanta de Portugal, casada com o magnata galego, Bermudo Pérez de Trava.
D. Urraca no Portal da Catedral de Tui
Afonso I, ou Afonso Henriques, rei de Portugal casou a sua filha, Urraca com Fernando II de Leão, seu primo afastado (pois Fernando era neto de Urraca de Leão e Castela, tia de Afonso Henriques), em 1165, tendo ela apenas 15 anos e ele já 28, mas devido aos laços de parentesco o casamento acabou por ser dissolvido pelo Papa em 1175.
Deste casamento nasceu o futuro Afonso IX de Leão (1171), último rei de Leão independente, e o único filho do casal.

As Armas e os BARÕES assinalados...


Resistência dos nobres galegos aos Reis Católicos

Cquote1.svgPero en lo que el arzobispo hizo mucho servicio al rey fue que contra voluntad de todo aquel reino, estando todos en resistencia, recibió la hermandad en Santiago; y en un día la hizo recibir y pregonar desde el Miño hasta la mar, que fue hacer al rey y a la reina señores de aquel reino; y recibió sus gobernadores, habiendo pasado por el estado del conde de Lemos y por todos los otros sin haberlos recibido.Cquote2.svg
— Trecho dos Annales de Aragón escrito porJerónimo Zurita, Livro X)[53].
A nova concepção monárquica conduzida pelos Reis Católicos, o chamado “Estado Moderno”, foi auspiciada na Galiza pelo episcopado (em primeiro lugar pelo arcebispo Afonso Fonseca), bem como por alguns nobres forâneos, particularmente os Pimentel, condes de Benavente, diretamente ligados à monarquia. Contudo, esta nova concepção teve por resultado o choque frontal com os condes galegos. São destacáveis as rebeldias de Pedro Álvarez, conde de Soutomaior (Pedro Madruga), do marechal Pardo de Cela, e dos sucessivos condes de LemosPero Álvarez Osorio e Rodrigo Henríquez de Castro.
Castelo de Soutomaior, onde morou Pedro Álvarez.
Todos eles compartilhavam uma forte oposição militar ao projeto político dos Reis Católicos, projeto que repercutia consideravelmente em estes nobres e, portanto, nos seus parceiros nobiliários e eclesiásticos no país. Este fator dotou-os de suficiente unidade para serem considerados então (também desde fora) uma ação representativa do Reino da Galiza, como entidade autônoma e resistente frente ao autoritarismo monárquico, dada a carência de protagonismo galego neste projeto, hegemonizado pela oligarquia aristocrática castelhana-andaluza e com uma participação muito restringida de elementos galegos do mesmo estamento. A resistência exercida por estes nobres foi adotada por muitos como um caráter inato do reino e das suas gentes. O cronista aragonês Jerónimo Zurita descreveu aquela situação assim:
Cquote1.svgEn aquel tiempo se comenzó a domar aquella tierra de Galicia, porque no sólo los señores y caballeros della pero todas las gentes de aquella nación eran unos contra otros muy arriscados y guerreros [54]Cquote2.svg
A resistência de Pedro Álvarez de Soutomaior ofereceu a maior claridade de motivos políticos e de objetivos, e foi também a de maior envergadura. O confronto do conde contra o arcebispo de Santiago, Afonso de Fonseca II, juntou-se, por extensão, à oposição frontal contra a monarquia de Isabel a Católica. Na guerra de sucessão que segue à morte de Henrique IV apoia a sua filha, Joana (desposada comAfonso V de Portugal) e, portanto, a opção portuguesa frente à aragonesa de Isabel. No decurso da guerra sucessória entre Joana e Isabel, os contendentes estiveram a ponto de alcançar um comprometimento que incluiria a incorporação do reino da Galiza à coroa portuguesa. A vitória militar de Isabel e a subsequente paz de Alcaçobas de Castela com Portugal em 1479, seguidas do exílio do conde de Soutomaior a Portugal (onde foi recompensado com o título de Conde de Caminha) e a sua suspeitosa morte pouco depois, significaram o insucesso das inclinações portuguesistas e atlânticas da Galiza.
Anos depois, em 17 de dezembro de 1483 era executado o marechal Pero Pardo de Cela em Mondoñedo, cumprindo-se sentença pelo Governador dos Reis Católicos na Galiza, Fernando de Acunha. Semelhante final, colofão de uma longa e desproporcionada resistência no cerco do seu castelo da Frouseira e a queda por traição, conferiram dramatismo ao caso, tornando-o tema idôneo para a literatura. Já no mesmo momento do trágico desenlace foi composto um “Pranto da Frouseira”, mitificação imediata da sua figura;
Cquote1.svgDe mîn a triste Frouseyra,
que por treyçon foy vendida,
derribada na ribeyra,
que jamais se veu vencida.
Por treyçon tamben vindido
Jesus nosso redentor,
e por aqueestes tredores,
Mas Pardo meu senhor.
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— Pranto da Frouseiraséculo XV-XVI. Anônimo.
Capa da obra "Descripción de la costa del reyno de Galizia", cartografia da costa do reino, realizada por Pedro de Teixeira Albernas por volta de 1625.
O capítulo de Pardo de Cela é incluído na sequência de resistência contra o Estado Moderno e explica a dureza e exemplaridade do castigo, que seria excessivo para uma simples rebeldia sem maior transcendência política, e que despertaria temor em toda a nobreza galega. Em meados dos anos sessenta, quando a luta entre o monarca e os senhores alcançou a máxima tensão, o marechal encontrava-se no cargo de prefeito da vila de Viveiro, nomeado pelo procurador do Concelho, no que se juntam o legitimismo monárquico e o movimento emancipador urbano. Pardo de Cela estava portanto situado no mesmo bando que surgiriam os Irmandinhos.
Um ano depois, em 1465, colaborava na supressão do senhorio de João de Viveiro sobre essa vila como membro do concelho e em nome de Henrique IV. Uma vez vencidas as irmandades, o choque de Pardo de Cela com membros relevantes da igreja mindoniense e, por fim, com os Reis Católicos, era continuação lógica, já a nível particular, daqueles alinhamentos anteriores, pois a crescente hegemonia eclesiástica e o forte intervencionismo monárquico nos concelhos, fenômenos próprios do Estado moderno, erodiam as bases da sua posição social e política.
Finalmente, entre 1483 e 1485, as respectivas rebeliões de Pero Álvarez Osorio e de Rodrigo Henríquez de Castro, sucessivos condes de Lemos chegavam ao seu fim. O primeiro falecia de morte natural, deixando pendente a resolução da discrepância; o segundo foi cercado e derrotado pelos reis de Castela e Aragão. Com esta última rebelião anulava-se toda oposição da nobreza frente à monarquia dos reis católicos no reino da Galiza. Além disso, a derrota de Rodrigo Henríques implicou a remodelação do mapa da Galiza, deixando O Bierzo de fazer parte do condado de Lemos e consequentemente da Galiza.
Sufocada já toda oposição no reino, em 1486 os Reis Católicos visitavam Galiza, sendo o símbolo do fim de uma época, da Idade Média na Galiza e o pleno domínio régio na Galiza, que o cronista Jerónimo Zurita chamaria “domar aquella tierra de Galicia”[54].
O reino entrou em outra fase, pontuada pela extinção política dos setores sociais capazes de conduzir uma dinâmica própria, tornado num território periférico da monarquia hispânica. Supeditado a instituições alheias, introduziram-se organismos novos desde fora (audiênciasanta irmandade, governadores, corregedores, inquisição, congregação monástica de Valladolid, etc.), nutridos maiormente com funcionários públicos estrangeiros e contando com o apoio dos setores autóctones intermediários e subalternos.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Reino_da_Galiza