Nas palavras da
MÚSICA QUE VEM DO ALTO
MÚSICA QUE VEM DO ALTO
No verso do
SOM QUE VEM DE DENTRO
SOM QUE VEM DE DENTRO
Na brisa que se quer tanto
Na mesma luz, no mesmo chão
- mesmo lamento...
- mesmo lamento...
Palavras sem voz
- são SENTIMENTO -
- são SENTIMENTO -
que ecoam em NÓS
- povo sedento -
- povo sedento -
Da vida que escorre nas ladeiras
das fragas antergas e das florestas primeiras
Dos rios que nos banham
mãos, pés, pele, sangue
- a FALA -
uma alma que tem sede
de tudo o que se esquece e estranha
- a FALA -
uma alma que tem sede
de tudo o que se esquece e estranha
Das ladaínhas em noites frias
das mãos que aquecem por serem mãos amigas
Das desfolhadas - espigas raínhas - gentes honradas
Das pedras do luar - das noites de São João - fogos a passar
Das Argas, das pedras vivas que ecoam nossa mágoa meiga
SAUDADE
MORRIÑA
SAUDADE
MORRIÑA
Dos leitos viventes dos eternamente presentes
esses que ecoam além da memória das gentes
Nas espigas milhas nas senhoras em estátua
nas pêras oferecidas
nas raparigas garridas
VIRTUDE
nas poças da vida
que tem flores d'augoa
nas raparigas garridas
VIRTUDE
nas poças da vida
que tem flores d'augoa
Nos cantos de recordar - toda a vida contida nesta nossa lingua a CANTAR
Lingua nossa que aprendemos a falar
semente VIVA que fizemos germinar
semente VIVA que fizemos germinar
de cabo a cabo do mundo
- semente que floriu sem par -
- semente que floriu sem par -
que une este recanto profundo
com o mundo novo a despontar
com o mundo novo a despontar
PALAVRAS AO VENTO
(sementes dormentes à esperar de singrar)
(sementes dormentes à esperar de singrar)
Nas palavras de
FUXAN OS VENTOS
(e Luar na Lubre - Cabo do Mundo):
FUXAN OS VENTOS
(e Luar na Lubre - Cabo do Mundo):
Cantiga do Berce
Durme meu neno, durme
sen mais pranto,
que o tempo de chorar-e
vai pasando.
Que a terra na que vives,
non quer bágoas,
percisa homes inteiros
pra libertala.
Durme meu neno, durme
colle forzas,
que a vida que che agarda
pide loita.
Recollera-lo froito
sementado,
no inverno escuro e frio,
no que estamos.
(Recitado)
Semente feita en sangue por un pobo
que xurde dende a historia, dende o sono
un sono cheo de aldraxe e miserento,
un sono de inxusticias e silencio.
Mira a lingua que falo, despreciada
por ser lingua de probes, lingua escrava,
son o orgullo que temos, lingua e probes.
So neles hai verdades e mais honores.
Durme meu neno, durme, niste colo,
que esta terra de escravos non ten odio.
Ten séculos de espranza, agardada,
que pon hoxe nos fillos que amamanta.
"Para nós a patria é un sentimento natural, inspirado en realidades sensibles ós cinco sentidos. A patria é a Terra. A Terra que nos dou o ser e que nos recollerá na morte como semente de novas criaturas. A Terra que cría flores nos campos para regalía dos ollos e árbores para que canten os paxaros, onde atopamos sombra fresca no verán e quentura agarimosa no inverno, onde sufrimos as inquedanzas das sementeiras e gozamos a ledicia das colleitas, onde o vendaval brúa nas pontas dos carballos e funga nas cordas dos barcos, onde canta o vento nos piñeirais; onde esboufan as ondas do mar nos cons da ribeira e ruxen nos areais; onde por primeira vez ollamos a choiva, a brétema, o sol, o luar, o arco da vella e a noite estrelecida. "
(Castelao, Sempre en Galiza, 1944)
Lembro - a primeira vez que de ti saí...
Eram terras de Francos nas que me perdi...
Ao regressar - ao nosso antergo e eterno Mar...
às costas de morte que são vida, e sal...
lágrima a escorrer
pedra de de vida a lavrar
lágrima a escorrer
pedra de de vida a lavrar
Quando em ti entrei - no teu sólo, no teu verde olhar
Nas veredas antigas, nas ruas estreitas e nas pedras polidas
- cem mil passos em mim ecoaram de uma vez só -
- cem mil passos em mim ecoaram de uma vez só -
Quando o teu soló me afagou
- e o carvalho, monte, castro -
teu eterno latir me saudou...
- e o carvalho, monte, castro -
teu eterno latir me saudou...
Quando vi - o nosso sol - dourado em ti:
por ser verde a tua cor e o seu amarelo em ti se faz florir
por ser verde a tua cor e o seu amarelo em ti se faz florir
E a brisa... e os pinhais... que cantam hinos de louvor para além das vozes ancestrais
que ecoam com primor
entre os rios, montes, vales que te fazem ser nossa MÃE...
entre os rios, montes, vales que te fazem ser nossa MÃE...
A água que me baptizou...
no fogo do lume fumado
em pedra do granito sagrado
no fogo do lume fumado
em pedra do granito sagrado
do nosso antergo lar
Rios de vida, na bruma erguida entre as raiolas do primeiro Sol
Quando cantei - nas festas do fogo, da luz e da cor
de um mesmo povo que se ergue
sobre a dúvida o medo e a dor...
sobre a dúvida o medo e a dor...
Quando chorei...
na tua voz de luar...
clareiras e pedras beijei
cheias da tua branca luz a dealbar...
na tua voz de luar...
clareiras e pedras beijei
cheias da tua branca luz a dealbar...
E nos mesmo arco da velha
- dessa que é guardiã derradeira -
uma mesma tradição que se não entrega
que se mostra e demonstra
nestas nossas mesmas festas
no nosso zelo pela vida a guardar
e
nessa voz
a MESMA VOZ
que se ouve à noite entre fogos a crepitar
que habita - nesse povo
que
em
TI
e
em
MIM
PALPITA
que se vê
- dessa que é guardiã derradeira -
uma mesma tradição que se não entrega
que se mostra e demonstra
nestas nossas mesmas festas
no nosso zelo pela vida a guardar
e
nessa voz
a MESMA VOZ
que se ouve à noite entre fogos a crepitar
que habita - nesse povo
que
em
TI
e
em
MIM
PALPITA
que se vê
Nas mãos calejadas
de pessoas honradas
pela vida de trabalho
- firme, sério diário -
que não se escreve além da luz do olhar...
do rosto enrugado de tanto se dar...
no sorriso humilde que abraça
simplesmente por se fazer notar...
de pessoas honradas
pela vida de trabalho
- firme, sério diário -
que não se escreve além da luz do olhar...
do rosto enrugado de tanto se dar...
no sorriso humilde que abraça
simplesmente por se fazer notar...
Soube assim que regressei...
à terra dos meus AVÓS...
à terra dos meus AVÓS...
que se entende de um e outro lado de um rio
que
UNIU
aquilo que nunca jamais
alguém separou
que
UNIU
aquilo que nunca jamais
alguém separou
Basta ouvir...
essa mesma voz a cantar
essa mesma voz a cantar
basta sentir
a mesma terra que nos mantém
a mesma terra que nos mantém
sua mesma vida em nós a palpitar
basta
VIVER
para uns e outros
REUNIR
e
UNIFICAR
basta
VIVER
para uns e outros
REUNIR
e
UNIFICAR
LUAR: DEVANCEIROS
(Cabo do Mundo)
Terra dos meus avós
onde naceron meus pais
terra dos meus avós
Galicia do verde chan.
Terra dos meus avós
onde naceron meus pais
terra dos meus avós
non quero de aquí marchar.