Quem não quebra ao sentir as suas finas gentes, no rio na
névoa – que se esvai…
Quem não quebra o seu copo sagrado – no fogo do escravo que
vem escravizar?
Quem não desfaz sentimento
entre o momento que se vai…
sem mais nada deixar?...
De si, do seu,
do que possa lembrar:
Ter
Tomar
Querer
Ou guardar…
Seco, obscuro e impuro pelo próprio tempo mais nada revelar…
São pó ao pó nos ventos…
são raízes sem sentimento..
são caminhos de mais não terminar…
Paredes veladas
Sem terras douradas
Para guardar…
e verdadeiramente habitar…
Somos as gentes que ouvem o som do ar.
Que compreendem as correntes, que sentem as árvores a
crescer devagar… sem nomes… sem tristes nomes que outros vieram para lhes fixar
– definir e circunscrever… ao seu passo e forma de andar…
Somos as gentes do dom de voar – entre as névoas e as flores
e tudo aquilo que a vida que é vida em nós se detém a contar…
Somos quem não se arrepende de ser o que é… pois entre os
frios e os gelos existe um verão eterno que se vê… e se esvai para quem assim
não é…
Ver os nossos pairar.. entre as rotas traçadas pelos de
outro lugar… sem conceder a vida e o amor que os possa de novo vivificar… é
como fazer de conta que já não se é parte da terra, do vento, do mar… do rio
que corre… dentro de nós – devagar…
Todos nós gotas desse mesmo céu, nesse mesmo ar… desse mesmo
algo que nem teu – nem meu- une por dentro e nos faz erguer e levantar…
Ondas vivas de gente que não pára perante as muralhas
erguidas pelo medo e o mal…
São as coisas simples – frias para quem teme, para quem acha
sente ou escreve – o que a vida lhe não diz para contar…
São as paredes mortas que repetem as notas de uma melodia –
fria – cristalizada… sem sentido… de vida… que se repete e mais não para de se
reescrever emsi e nos que assim se fazem notar…
São aqueles que caminham – entre cidades vazias – e procuram
os ecos da vida – aqueles que há que internar, encarcerar, esquecer, ou até
denegrir – fazer desaparecer – esvair.. ou será a cultura ancestral – neles que
se esvai?...
Como voltar a sentir na pele o que na alma que se não
escreve – mais fala, mais diz, mais mata quando no final não é feliz entre
tanta máquina e tempo vazio para preencher sem sentido em quadrados e linhas de
desvio e mais não em espiral – que leve ao centro daquilo que digo – por graça
ou ordem maior do que a mente de quem to está contar?...
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