Quanto mais se persegue
o seguir em frente…
quanto mais a minh’alma treme
por te ver de repente…
mais sei o que se sente:
que devo perseverar
porque o amor à vida e a verdade
contam com o nosso passo
eterno abraço
para continuar…
Se entre o lusco fusco que se anuncia
– treme o teu passo neste estranho dia…
nesta estranha forma de vida
– então é tempo de nos anunciar:
somos o que rasgam as sombras,
somos os que não tremem perante os
gigantes
os que retumbam ameaças no ar…
somos os que na vida confiam
para se encontrar –
a si e aos que hão de continuar…
Neste estranho tempo
- há um momento –
no
que é necessário dar passos
e avançar…
a
vida parece sumida num contratempo
necessita de quem a saiba iluminar…
somos os que não temem o tempo presente
somos os que anunciam o amanhã…
Assim – entre os que tremem
os que absorvem aquilo que não é deles
aqueles que duvidam por onde começar…
há os que se erguem…
os que a vida perseguem..
os que se atrevem
– a perseverar –
e continuar…
avançando de volta ao seu LAR
Entre as veredas do tempo
há o momento
no
que decides dar de ti o melhor
eis o momento
no que o teu ser se faz
SER MAIOR…
Assim canta
– a tua livre alma –
entre os momentos
nos que parecem quebradas
tuas asas de paz…
o teu ser sublime
será aquilo que anuncie
tudo aquilo do que fores tu capaz…
Exprime o teu ser…
sem te deixares prender
– entre o silêncio que pretende ocluir
a luz do teu sol apagar
há um caminho a seguir,
um
mundo a construir
e tu e eu
– todos –
temos de entender
que é possível
– que tu és capaz!...
Assim
– sem que a alma trema…
sem que se tema
–
vai em frente para o teu eterno lugar...
esse que nos aguarda
–
entre tanta gente que perde a alma
– mas que tu podes alcançar…
Vai
– mais longe –
– mais longe –
do
que o mundo te pretende entregar
– pretende –
aquilo que se estende
mais além do que aquilo que vês
sem sequer notar…
Entre tanto ser bizarro
– encontrarás o teu fado
– encontrando o teu lugar…
se as paredes cedem
– sustenta tu o templo –
com o sangue que derrama
o que se entrega sem duvidar
E
– templo –
– templo –
é a vida sublime
– é a vontade de continuar –
é a consciência que se exprime
entre os seres que unem as mãos
para se ajudar…
a seguir para o seu LAR
a seguir para o seu LAR
E se ainda tens tempo para te expandir…
para te exprimir em secas linhas…
em coisas magrinhas
face à promessa que tens de ti…
aquilo que tens de dar…
então não esqueças
– que uma forma de ser –
é maior do que o ter…
que o poder...
que o estar entre os lugares
dos pódios sagrados
entre aqueles que pretendem mandar…
O carácter não se pode entregar
– há muitas formas de o perder
e poucas vias para o recuperar –
eis o valor maior do que tens…
ouro além do brilho mouro
que te procura enganar…
Entre o que treme
– há o que se mantém
– firme –
no seu posto…
firmando pés.
Mãos abertas.. postura atenta
Posição serena como rocha no mar
–
mantém tu também
assim o teu lugar…
Vem o temporal
– vem a vaga que tudo pretende apagar
– vida honra e condição –
de ser humano
sem tempo para ser vulgar…
para se sujeitar
à submissão
dos valores imemoriais
do legado dos ancestrais
ao mundo do milhão
do ouro falso da tentação:
de ter tudo agora
– e depois nada para evocar
da satisfação dos desejos em explosão
rebentando por dentro a promessa
do teu ser livre a despontar
Agora
– não esqueças –
qual a promessa que te deixaram
e o quanto tens de guardar
– se entre os que cederam,
os que fugiram os que se rebaixaram
– sobram dois ou três para perseverar…
É esse o teu exército, a tua família, o
teu grupo fraterno…
É essa a rocha firme onde repousar…
A praça de gente madura desde onde erguer
tua chama e brilhar
São os valores que sustem a vida maior
–
aquela que é consciente da sua forma incipiente
e que sabe que tem em frente um caminho a
desbravar…
O regresso consciente ao lago sereno de
onde viemos a este lugar
Eterno presente, cristalina essência que
tudo envolve e tudo pode abraçar
Essa vida iluminada
– parte de ti e ponte sagrada –
para o seu eterno lar –
não se percam as vias,
se mantenham as pontes esguias
para quem quiser avançar…
passar
entrar…
e regressar
Tu guarda do templo
– ergue estandarte ao luar
Pois chega a noite sem brio…
o tempo do estio
no que o teu fogo deves iluminar…
Entre tanto desatino
– há um caminho a guardar
– lugares sagrados –
Seres humanos
– templos vivos a preservar
Eis onde se faz a virtude.
Onde se cultiva o que o tempo não pule
– nem lavra
nem sequer se pode tocar
– são os que nos ajudam a perseverar
– caminhando no mundo
Assim – ergue esse teu ser
– sai da lama
– que o ser te chama
Vem este do profundo,
do eco do mundo
– do seu eterno palpitar –
é a sombra uma mera máscara
que vela a graça
daquilo que um dia
vais tu abraçar
Aqui vês reflexos de algo mais belo
– algo que é a verdade do ser a revelar
Guarda bem todo aquele – que manifeste –
a plenitude da semente que há em ti a germinar
E se te deixas
– não mais a verás –
a branca árvore
nos céus cintilante
– o mundo que há de vir
ou aquele para onde vais regressar
Dá igual
- aqui são dois ou três dias –
uma sinfonia –
para os que amam o amor maior
Esses serão antífona gloriosa
– forma suprema dos que agora gozam –
esses são os que deves recordar
– em ti evocar –
fazer renascer e reviver –
em cada opção deste teu caminho a tomar…
RECORDA-NOS
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