sexta-feira, 20 de junho de 2014

Mano a Mano



Esta terra arde…
como uma fogueira

Um sonho parte
Escondido
em qualquer parte

Baixo as camadas
Do solo frio
Nesta terra guardado

Pelo hábito vivido
Pela veste que se veste
Sempre sobretudo rasgado

Esperando o fim do Estio
O abraço a algo novo – vivo

Primaveras mais cheias
De flores vivas
De perspectivas
Diversas, alheias

Às moedas inteiras, divisas
Às cornijas, às pequenas incisas
De feridas tão feias…

Esperando ouvir palavras amigas
Tão vivas
Tão plenas
Como as que outrora se diziam
além dos pactos e comitivas

Sim entre abraços de gentes amigas
Mais além do que se assinava,
muito mais do que se pagava
Ou apagava com pena de intenções

Como as antigas
Intensas vozes vivas

De Rapazes, Raparigas
Noites vivas sempre festivas

Vidas tão cheias, da chama
Que a escuridão apaga

Como seus próprios corações
Repletos de sonhos e ilusões
Repletos de Histórias e tradições

Cheios de mistérios, de recantos
Escondidos ou velados,
para jogos vivos por locais
ou profanos - sempre prezados

momentos nos que o tempo
Tinha tempo para ser apreciado
E mais não pesado,
medido ou apagado

Por essa vida falo
Dessa vida compartida
entre grego e troiano

A que por dentro dizia
O quanto ainda temos a dar
Mano a mano – de irmão a irmão,
de hermano a hermano -  a criar



E que aqui
Se plantou?

E que
por aqui
se ficou?

A mais fina flor
Nasceu por louvor

Num certo dia
Madrugada do além

Plantadas entre nós
Não se sabe bem por quem

Vinda das terras de ninguém 
Lugar de gentes livres também

Gentes com sonhos a concretizar
Eis um lugar de sonhos vivos
Prontos – de novo - a se plantar,

Sementes da Vida Plena, Luz Vera
Portando em si o Raio de Sol e Luar
Fendendo as sombras e o medo de duvidar
Entrando pela janela que se pretendia fechar

Esperança a se espelhar
Nos rostos de faces esguias
Sobre os ossos dos mortos
Que em vida evitavam se mostrar

Vida nova “neste”,
“esse nosso” lugar

Um lugar
De gentes
Que esperam
Que anseiam
Quem assim se libera

Nossa nova forma verdadeira
forma de ser, forma do Ser

Nosso verdadeiro centro e força
Aqui, assim, em ti e em mim
A transparecer, a se mostrar

Sem se notar a partir
Sem se ver a regressar

Essência de Amar sobre o querer do poder
Essência do Ser indo mais além do estar,

Do ganhar
Do perder

Do ir… podendo não mais voltar
Do vogar podendo até naufragar

E indo, na noite escura inflamar
O que por dentro
Desde sempre
Nos esteve a chamar

E no coração das sombras
Fogo de vida nova plantar
E a sombra mais escura
Essa assim também iluminar

De Vida Nova o escuro Inverno incendiar…
Para quem quiser ver, acolher e integrar

Primavera Vera, na vitória das flores a plantar
Sobre o gelo ainda vigente,
semente que rasga – pungente
desde o humilde chão -  vida em turbilhão

O duro e férreo coração que prende
O nosso ser de vida/semente
Que tem de ser igual a toda a gente
Por decreto de mão, por obrigação

Sonho de irmão a irmão
De abraços perdidos, reflectidos
Entre as noites dos labirintos vivos

Quem vemos e mais não sentimos
Quando saímos e vamos
E não sabemos se vivos
Voltamos…

E podemos começar a voar

Integrando-se nos ventos
Voando por sobre o Mar
Suavemente se elevando
Pra o nosso antergo lugar

Entre os ventos ecoando
Palavras de bem-estar

Do querer
De se entregar
De espairecer
O medo de mais não ser

E assim sendo
Voltar a estar

Sopro de vida nova cantando
assim se mostrando, ecoando

no entanto, entre tanto 
ser sem se ver ou tocar
estando sem se mostrar

sem se perceber
mobilizando

aqueles
aquelas

que assim já ouvem,
mesmo sem saber bem o porquê
esse algo além da ânsia que diz:

vai e sê, germina a semente tua minha
a que deixaste esfriar ou enrijecer

E quem vai mais além e “vê”
Assim, sem mais já o “É”…

deixando atrás o fundamento
da dúvida, do tormento
de não se saber bem que se é

Assim possa
Esta luz pura
Branca de alvura

Este arco-íris
de vidas devidas
a se transparecer

Como Sol que entra pela vidraça
Que a sombra atravessa, e desfaça
Por muito densa que seja a ameaça
Assim se esvai, e se vai como fumaça
Que o vento leva, no tempo que passa….

E abraça, a vida outrora baça
A que se julgava perdida,
sem esperança, desvalida
longe da graça de ser Vida
entre a vida que em nós grassa

Despertando agora
para se iluminar
pelo nosso vero nome
nos chamar, despertar

momento de lembrar

quem somos
de onde vimos

que sucedeu
que aconteceu

quem se perdeu
quem se escondeu
quem se vendeu
e quem se esqueceu
para não mais voltar

e agora é a chamada
é chegada a hora
de pagar:

de se erguer e honrar
o que jurou defender
e assim, em vida, manifestar


voltar
e assim
o “nome”
salvaguardar

neste “nosso lugar”
– além do tempo
do sentimento
de evocar

vai suceder vida nova
neste “nosso novo lugar”
esse “vale” que mais não cale

Tanta e tanta gente
Que quer e sabe

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